PINTURA / ILUSTRAÇÃO / POESIA
(VIZELA - GUIMARÃES)
Requiem ao silêncio
O sol ébrio deita-se num profundo manto azul escuro. É então, num silêncio esmagador, que abrindo as cortinas ao meu pensamento, escrevo.
A pena da vida, num vai e vem de desejos e fantasias, sacia-se e devora o corpo de um tinteiro, que não é mais que uma maçã.
Cerro as pálpebras. A adrenalina faz-me vibrar os músculos. A carne sensibiliza-se; ganha alimento, sinto um fogo a germinar. Deitada e despudorada, como uma amante, está a folha de pergaminho, rasgada pelo tempo. Uma gota de suor resinosa flui sem arreios numa construção geométrica do orgasmo...
Apuro os meus sentidos. Lá fora o silêncio fortifica-se...
(©Por: Arnaldo Macedo)
Esboço de uma Memória
A janela de Marte abre a minha mente e, através da memória do pincel, surge-me a lembrança do teu rosto.
Nas minhas mãos, as unhas roídas projetam a ausência do murmúrio da tua voz.
Deixamos de estar fundidos na Maçã. Bebeste o veneno dos teus pensamentos e, em sufoco, abandonaste-me.
Eu tentei manter-me à tona neste tempo de cinzas.
Mas eu já não existo?
Agora o meu sangue é um barco à deriva no mar de ilhas abandonadas onde os peixes nadam imersos na escuridão…
Tudo teria sido diferente noutro tempo, noutro passado, noutro futuro.
Se eu ainda existisse...
(©Por: Arnaldo Macedo)
Livros Ilustrados:
Mas eu já não existo?
Agora o meu sangue é um barco à deriva no mar de ilhas abandonadas onde os peixes nadam imersos na escuridão…
Tudo teria sido diferente noutro tempo, noutro passado, noutro futuro.
Se eu ainda existisse...
(©Por: Arnaldo Macedo)
Livros Ilustrados:
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